sábado, 15 de setembro de 2012

Capítulo Dois: Ao Som das Ondas do Mar

Eu estava cercada de nuvens. Era tudo branco. Meus dedos tocavam singelamente as pontas de ervas floridas. Orvalho. Perfume fresco se espalhava pelo ar. A névoa se dissipava. Uma árvore de galhos grandes e grossos, recoberta de folhinhas verdes, atrás de mim. Um caminho de terra ladeado por flores e ervas. Mais a frente um pequeno jardim, salpicado de cheiros, fechado por uma cerca viva.

Então apareceu a casinha. Branca, de tábuas de madeira, do telhado já preto pela fumaça da chaminé. A velha bicicleta de meu vô encostada no mesmo lugar debaixo da janela.
Meus passos eram leves na direção da casinha. Vi minha avó através da janela. Ela levantou a vidraça colocou um bolo fumegante ao lado de pequenos vasos de plantas. Raios de sol atravessaram as espessas nuvens. Ela ainda estava lá. Minha avó me viu e, com um sorriso no rosto, me convidou para entrar.

Avancei. Vento. A porta do alpendre se abriu sozinha. Eu podia ver a copa, exatamente como ela era. A névoa que me rodeava estava agitada, mas dissipava. Eu via o horizonte. Abaixo da colina, o riacho corria límpido e raso, seguindo seu natural curso rochoso. Além, eu via os montes verdes, recortados por umas poucas estradas de terra, trilhas de aventuras.

Era tudo perfeito. Só tinha um problema, e eu o conhecia bem. Não sei se vindo bem do fundo de mim ou do muito longe do espaço, eu ouvia o som das ondas do mar. E a casa de minha avó estava no meio do continente, a mais de trezentos quilômetros da costa.

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