Eu estava cercada de nuvens. Era tudo branco. Meus dedos
tocavam singelamente as pontas de ervas floridas. Orvalho. Perfume fresco se
espalhava pelo ar. A névoa se dissipava. Uma árvore de galhos grandes e
grossos, recoberta de folhinhas verdes, atrás de mim. Um caminho de terra
ladeado por flores e ervas. Mais a frente um pequeno jardim, salpicado de
cheiros, fechado por uma cerca viva.
Então apareceu a casinha. Branca, de tábuas de madeira, do
telhado já preto pela fumaça da chaminé. A velha bicicleta de meu vô encostada
no mesmo lugar debaixo da janela.
Meus passos eram leves na direção da casinha. Vi minha avó
através da janela. Ela levantou a vidraça colocou um bolo fumegante ao lado de
pequenos vasos de plantas. Raios de sol atravessaram as espessas nuvens. Ela
ainda estava lá. Minha avó me viu e, com um sorriso no rosto, me convidou para
entrar.
Avancei. Vento. A porta do alpendre se abriu sozinha. Eu
podia ver a copa, exatamente como ela era. A névoa que me rodeava estava
agitada, mas dissipava. Eu via o horizonte. Abaixo da colina, o riacho corria
límpido e raso, seguindo seu natural curso rochoso. Além, eu via os montes
verdes, recortados por umas poucas estradas de terra, trilhas de aventuras.
Era tudo perfeito. Só tinha um problema, e eu o conhecia
bem. Não sei se vindo bem do fundo de mim ou do muito longe do espaço, eu ouvia
o som das ondas do mar. E a casa de minha avó estava no meio do continente, a
mais de trezentos quilômetros da costa.
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